Influencers ganham milhões de visualizações com vídeos que mostram ajuda a pessoas em supermercados e nas ruas

Influencers ganham milhões de visualizações com vídeos que mostram ajuda a pessoas em supermercados e nas ruas

Influencers ganham milhões de visualizações com vídeos que mostram ajuda a pessoas em supermercados e nas ruas
Publicado em 12/04/2024 às 12:47

Fenômeno não acontece só no Brasil. De um lado, há quem defenda o incentivo a fazer o bem; do outro, especialistas em direitos humanos criticam exposição de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Uma câmera se aproxima de uma pessoa que está pedindo dinheiro para comprar alimentos em um supermercado. Quem está filmando pergunta: “Topa entrar e comprar tudo o que você quiser?”

A gravação acompanha o indivíduo selecionando, emocionado, os produtos nas prateleiras, e termina com ele agradecendo imensamente pelo auxílio.

📱Esse enredo, com variações, tem se multiplicado nas redes sociais. Os vídeos produzidos a partir de cenas como a descrita acima alcançam milhões de visualizações para os influencers que os produzem.

🤳🏽O g1 encontrou, no Instagram e no TikTok, sete produtores de conteúdo brasileiros que criam vídeos com esse perfil, de vários locais do país, como Curitiba, São Paulo e Maceió. Todos são homens e têm entre 1 milhão e 6 milhões de seguidores (leia mais abaixo). Outras páginas replicam esse material, ampliando o alcance.

🌍 O fenômeno não acontece só no Brasil. Existem vídeos semelhantes em perfis do México, de Portugal e dos Estados Unidos. O maior youtuber do mundo, o americano Mr Beast, dedica uma seção de seu canal a ações do tipo e afirma já ter dado mais de 20 milhões de refeições a pessoas necessitadas. O youtuber também produz vídeos em que mostra doações de alto valor, como uma casa doada de gorjeta a um entregador de pizza.

Em uma versão brasileira, um influencer entregou, de presente, uma moto ao entregador.

‘Quero que este gesto se multiplique’, diz influenciador

Com a divulgação dos vídeos, os produtores de conteúdo dizem que querem influenciar positivamente quem assiste.


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Influencers ganham milhões de visualizações com vídeos que mostram ajuda a pessoas em supermercados e nas ruas

Fenômeno não acontece só no Brasil. De um lado, há quem defenda o incentivo a fazer o bem; do outro, especialistas em direitos humanos criticam exposição de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Vídeos com ajuda a pessoas em mercados ganham milhões de visualizações

https://445a4b0cc07c23b3cda38fe940a20a52.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

Uma câmera se aproxima de uma pessoa que está pedindo dinheiro para comprar alimentos em um supermercado. Quem está filmando pergunta: “Topa entrar e comprar tudo o que você quiser?”

A gravação acompanha o indivíduo selecionando, emocionado, os produtos nas prateleiras, e termina com ele agradecendo imensamente pelo auxílio.

📱Esse enredo, com variações, tem se multiplicado nas redes sociais. Os vídeos produzidos a partir de cenas como a descrita acima alcançam milhões de visualizações para os influencers que os produzem.

🤳🏽g1 encontrou, no Instagram e no TikTok, sete produtores de conteúdo brasileiros que criam vídeos com esse perfil, de vários locais do país, como Curitiba, São Paulo e Maceió. Todos são homens e têm entre 1 milhão e 6 milhões de seguidores (leia mais abaixo). Outras páginas replicam esse material, ampliando o alcance.

https://445a4b0cc07c23b3cda38fe940a20a52.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

🌍 O fenômeno não acontece só no Brasil. Existem vídeos semelhantes em perfis do México, de Portugal e dos Estados Unidos. O maior youtuber do mundo, o americano Mr Beast, dedica uma seção de seu canal a ações do tipo e afirma já ter dado mais de 20 milhões de refeições a pessoas necessitadas. O youtuber também produz vídeos em que mostra doações de alto valor, como uma casa doada de gorjeta a um entregador de pizza.

Em uma versão brasileira, um influencer entregou, de presente, uma moto ao entregador.

‘Quero que este gesto se multiplique’, diz influenciador

Com a divulgação dos vídeos, os produtores de conteúdo dizem que querem influenciar positivamente quem assiste.

“A ideia de divulgar essas ações nas redes sociais tem o propósito de inspirar e motivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Quero que esse gesto se multiplique”, disse Felipe Martins, um músico de Maceió que tem as redes sociais como principal fonte de renda.

Perguntado sobre quanto já doou a terceiros, ele não revelou.

“Nunca me interessei em calcular esses valores, pois para mim o gesto de carinho e a ação solidária estão acima de tudo”.

Professor de educação física em Natal, Leandro Pessoa contou que inicialmente ajudava pessoas nas ruas sem filmar. Mas, ao registrar as ações e divulgar, passou a ver o impacto que causava.

Recebi muitas mensagens lindas dos meus seguidores falando que, através do vídeo, eu mudei o dia deles. Pessoas com depressão, ansiedade, que se sentem outras depois que assistem aos meus vídeos

Pessoa disse ter gastado mais de R$ 20 mil nos vídeos de ajuda, e que o dinheiro que ganha vem sobretudo das aulas que dá, e não da monetização nas redes.

Empresário e influencer de São Paulo que mescla os vídeos de ajuda com outros de culinária, Alex Granig afirmou já ter doado mais de R$ 100 mil – e outros R$ 500 mil por meio de vaquinhas virtuais que promove em seus canais.“Hoje a minha renda é diversificada. Tenho imóveis, ações, criptomoedas e diversos canais na internet, além do canal Alex Granig, que é de ajudas sociais. Sou criador de diversos canais, como Nayara Granig (a mulher dele), Bruxinha das Receitas, entre outros, em diversos idiomas”, descreveu o influenciador.

‘Idolatria, cancelamento… Tudo isso vira engajamento’, diz psicanalista

“Minha intenção com os vídeos não é expor a vida de ninguém, mas, sim, ajudar e inspirar você que tá assistindo a fazer o bem pelo próximo também”, justificou-se, em uma postagem, o influenciador Emerson Falkevicz, conhecido como “Emerson Resolve”, de Mafra (SC).

Para o psicanalista e analista de cultura e comportamento Lucas Liedke, este formato de conteúdo, de fato, pode passar uma mensagem positiva, como a de “inspirar algumas pessoas a também fazerem doações para quem está em situação de vulnerabilidade” ou a de “se envolver em algum tipo de trabalho social”.

Contudo, há também quem critique a exposição dos beneficiados, em comentários nas próprias contas dos influenciadores.

Liedke entende que este tipo de conteúdo pode instigar diversas reações – todas elas, entretanto, podem se traduzir em interações com as contas dos influenciadores nas redes sociais.